Arquivo diário: fevereiro 4, 2010

O Filho da Dona Lindu

Padrão

Bom… mais um dia foi perdido em afazeres da rotina e bobagens afins… Me refugio aqui, escrevendo.
O cinema é minha religião e a sala de cinema, meu templo. Mas como em tudo na minha vida faltam disciplina e regularidade, eu não sou cinéfila que cita nomes de diretores, atores, cruza filmes de época de países diferentes.. as tais “linguagens”. Nada!
Falarei disso numa outra ocasião. Enfin!
Mas o filme.. O filho do Brasil, sobre o Lula.
Primeira coisa. A burrice das críticas.. Dizer que esse filme serve para auto-promoção ou propaganda do governo Lula é de dar dó. Quem diz isso não percebeu que a máquina administrativa aliada à representatividade do presidente dão conta de manter uma regularidade nos 80% de aprovação do governo. Isso é muito mais signficativo que um filme brasileiro que trata de uma família de retirantes do nordeste do país. “Vamo combinar” que não há um único brasileiro comum da região sul/sudeste que diga espontaneamente em alto e bom som amar filmes de temática nordestina… Não há. E Freud explica, lógico. Pobreza incomoda. Miséria incomoda. Dor incomoda. “O Crepúsculo” não…
Outra coisa.. suponhamos que o Lula estivesse precisando se promover e resolveu “encomendar” um filme sobre sua vida. Eu tenho certeza que a inteligência dele apostaria em outros recursos, outros meios mais eficazes… como fez e faz. Ele é político.
Quem se convenceria com um filme, considerando os precoceitos todos que ele ainda enfrenta sobre suas origens, seu falar, seu semblante (aprendi essa com a minha avó!)? Quem mudaria totalmente a visão que tem do político de esquerda, quem perdoaria os escandalos do primeiro mandato por conta do filme? Ele sabe disso, minha gente.
Não vamos subestimar a inteligência dele. Deixe isso pras pessoas menos preparadas em termos de repertório analítico, please.
Li algumas críticas péssimas.. capengas, rasas, magrelas… de preconceitos e mesquinhês muito evidentes. Tem muito jornalista que não tem vergonha de se afogar no raso das análises!! Eu, no meu blog posso ser fraquinha, minguada… Eles não. As críticas que falam bem me apaixonam ainda mais pela história, pelas imagens… Sou quase nada parcial, vejam. rss..
Outra coisa.. o mandato do Lula tá acabando. Seria melhor então que o PT encomendasse um filme sobre a Dilma. Ela tem uma estória de vida muito relevante por ser uma mulher de um país sulamericano-pasteurizado como o nosso.. E ninguém sabe quem ela é. Nem eu… muito pouco. Nós não falamos do que as mulheres fazem se não tiver um enredo sexual e moral com um bom viés machista.
A história da Dilma, da Marina no cinema? Isso sim seria um oportunismo escancarado. Sim, claro, lógico. Noves fora zero.
Se a Xuxa ganha o premio (PA)Kikito e ninguém fala nada, ninguém critica a motivação dos filmes, do premio, ninguém questiona o dinheiro queimado nos filmes dela… Então por que o Lula não pode ter o filme dele feito como o cineasta bem entendeu fazer?!? Eita povo tacanho!!!
E eu diante da telona, o que eu vi?!? Vou ser sincera.. eu não fui ao cinema procurando o político.. esse eu conheço, tive oportunidade de vê-lo e ouvi-lo algumas vezes ao vivo, conheço a trajetória de leve, sou admiradora crítica e voto nele… SIM.
Então o que eu vi na tela foi uma relação edipiana das mais profundas e bem-sucedidas…. CARACA ! ! Não imaginei que fosse tanto.. e o entedi ainda mais.. o que é melhor de tudo. Claro que meu olhar tem uma transferência evidente… Muitas passagens me provocaram uma catarse apavorante, de tão forte. E é isso que eu pago prá ver na Sétima Arte.

Avatar, não.. thanks. Não é uma linguagem que eu falo. Quero filme que me puxe o tapete.
A Gloria Pires brilha prá cacete.. o papel de mãe costura toda a narrativa de forma muito poética e fatal.
Eu não pude evitar. Me senti de alguma forma homenageada no filme e com certeza muitas mães sabem do que eu falo.
Não as mães que só oferecem como universo contemplativo aos filhos as passarelas do shopping e como vínculo afetivo o serviço terceirizado prestado pela babá, pela professora, pelo treinador, pelo motorista…
Falo das outras. Das que ficam na porta da creche da periferia, do pronto-socorro, do presídio, do IML depois da batida policial no morro… Das mães que sabem seu lugar. Sabem do seu poder e o usam para a libertação e não para o aprisionamento.
A Dona Lindu foi grande!! Deu no que deu… O cara faz história no seu dia-a-dia. Eu que só sei fazer rotina, só posso reverenciar esse homem.
Eu aceito que os insatisfeitos ou revoltados ou adversários o chamem de qualquer nome… menos o de “filho da puta”..
Lindu é guerreira, galera. Fez daquele rebento um homem que o mundo respeita.
Vai por mim… Ou não. Tanto faz. Mas veja e tire suas conclusões.